O corpo gritava, - nos olhos, nos toques e gestos-, em um protesto mudo, não sabia como vocalizar sua angústia. Era como se sua boca, fosse tapada, sufocando com ela os berros de horror, medo, dor, aflição, agonia, e depois de um tempo, até mesmo a própria alegria. Tornou-se impassível a tudo a todos, a ela, a seus próprios sentimentos. Estóica, austera. E se antes ficava alegre por nada, e triste por motivo algúm, hoje mostrava-se dura, na verdade não mostrava nada, fora degolada, estrangulada, esquartejada, enjaulada e ela própria arrancou os olhos, costurou os lábios, tapou os ouvidos, e viveu, e sobreviveu, sem ter, ao menos, a chance de berrar, como fera faminta. Morreu de fome.
Lays Silva
Sempre venho aqui. Adoro tua escrita, acho que já disse. Não quero provocar ciúmes nas outras poesias, mas essa me gritou e me leu de um jeito diferente. Hora mais que certa.
ResponderExcluirMuito bom, muito lindo.
Beijos.