Músicas

terça-feira, 12 de abril de 2011

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O corpo gritava, - nos olhos, nos toques e gestos-, em um protesto mudo, não sabia como vocalizar sua angústia. Era como se sua boca, fosse tapada, sufocando com ela os berros de horror, medo, dor, aflição, agonia, e depois de um tempo, até mesmo a própria alegria. Tornou-se impassível a tudo a todos, a ela, a seus próprios sentimentos. Estóica, austera. E se antes ficava alegre por nada, e triste por motivo algúm, hoje mostrava-se dura, na verdade não mostrava nada, fora degolada, estrangulada, esquartejada, enjaulada e ela própria arrancou os olhos, costurou os lábios, tapou os ouvidos, e viveu, e sobreviveu, sem ter, ao menos, a chance de berrar, como fera faminta. Morreu de fome.

Lays Silva

Um comentário:

  1. Sempre venho aqui. Adoro tua escrita, acho que já disse. Não quero provocar ciúmes nas outras poesias, mas essa me gritou e me leu de um jeito diferente. Hora mais que certa.
    Muito bom, muito lindo.

    Beijos.

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